domingo, 11 de setembro de 2011


Faz hoje 10 anos que o mundo mudou. Mudou para um estado de medo permanente, de angústia e percepção que um ataque terrorista pode ocorrer em qualquer sítio, que qualquer pessoa pode ser vítima inocente. Mostrou igualmente a fragilidade dos Estados Unidos da América, país habituado a um constante estado de protecção, devido às suas duas grandes fronteiras naturais - os oceanos Pacífico e Atlântico. Um país invicto e habituado a prevalecer sempre em relação aos seus inimigos.

Anos e anos de política externa, conspirações e guerras veladas, noutros países, noutros continentes, iriam mais cedo ou mais tarde resultar num ataque desta magnitude. Nenhum país, nenhum povo está a salvo de um ataque terrorista, mas de facto, os EUA há muito que se vangloriavam de não ter uma guerra no seu território, e essa ideia era de tal forma descabida, que os ataques de 11 de Setembro pareceram nos primeiros momentos, um pesadelo, um filme de acção, escrito e realizado num qualquer estúdio de Hollywood, por tão descabido e impossível que parecia..

Eu recordo-me que estava em casa dos meus pais, tinha acabado de almoçar e comecei a fazer zapping na televisão. Comecei pelos canais nacionais, que na altura transmitiam os telejornais da hora do almoço. Acabei por parar na BBC World que estava a transmitir uma imagem das torres do World Trade Center, e onde se via nitidamente uma delas com um enorme buraco numa das faces e uma grande coluna de fumo. Lembro-me de ter achado aquilo bastante surpreendente, de tal forma que chamei a minha mãe para ver o que se estava a passar. Incrédulo, passei para a CNN, e mais uma vez a mesma imagem. Um acidente - foi um dos meus primeiros pensamentos, mas poucos segundos depois, e após ver uma nítida imagem em directo, de um segundo avião a embater na outra torre, tive a certeza que aquilo era demasiada coincidência para ser um mero acidente. Senti, o que penso que quase todas as pessoas devem ter sentido naquela altura, um intenso arrepio e percebi que aquele dia ia ser um dia que ia ficar na história, pelas piores razões possíveis.

Em 2003, tive a oportunidade de visitar pela primeira vez Nova York. Conheci a cidade e devo dizer que me apaixonei por ela. É realmente a cidade que nunca dorme, há sempre qualquer coisa a acontecer. É uma cidade que respira cultura e onde um estrangeiro é um "novaiorquino" - sim, o típico novairquino é de todas as nacionalidades menos norte-americana. Naturalmente, e tendo passado quase dois anos sobre o 11 de Setembro, era obrigatório visitar o Ground-Zero, pois aquele quarteirão, no meio do distrito financeiro de Nova York, era já parte da história do mundo e da humanidade. Tendo passado mais de um ano sobre o ataque, o que mais me surpreendeu naquele local foi o fétido cheiro da morte. Milhares de pessoas, inocentes, morreram em nome de políticas erradas e credos em religiões, pessoas que nada tinham a ver com isso, pereceram e deixaram as suas famílias desfeitas, sem saber porquê, tudo apenas porque estavam no sítio errado à hora errada. Chocou-me muito, senti uma sensação de indescritível mal estar, por sentir que aquele local era o local de morte de inocentes, de sonhos terminados antes do tempo e vidas desfeitas.

Não sei se há lições a retirar disto. Não sei se se poderá evitar que este ou outros ataques terroristas possam ocorrer desta forma e ter um impacto tão grande como este teve. Mas este é lembrado sempre, porque aconteceu nos Estados Unidos. Verdade seja dita, este ataque - 11 de Setembro -  ceifou a vida de 2996 pessoas. Desde o inicio da "War on terror" 1550 policias afegãos, 8830 civis afegãos, 1140 soldados norte-americanos e 8587 soldados afegãos faleceram no Afeganistão. No Iraque, 4414 soldados americanos, 30.000 soldados iraquianos, 864.531 civis iraquianos faleceram. Penso que os números falam por si e sobretudo, se há alguma conclusão que se pode tirar de tudo isto é que o Homem não aprende com os seus erros. De facto somos animais inteligentes, mas não consigo vislumbrar essa inteligência.